Os milhares de leitores fiéis, que visitam meu blog, compram meus livros e acompanham na Caras - e em outras revistas, jornais, rádios e tevês - as minhas andanças e danças, os meus retumbantes sucessos e pífios fracassos, sabem que estou retornando da China onde passei dois meses em intensa negociação para o lançamento de uma edição do badaladíssimo as mãos me falam, os falos me calam.
Eu nunca consegui entender plenamente o significado da expressão "negócio da china". Eu pensava que era uma coisa. Depois a Rede Globo fez uma novela com esse nome e eu comecei a pensar que significava outra coisa mais próxima das falcatruas que costumam ser pano de fundo das novelas da emissora carioca. Na dúvida, pesquisei em dicionários, enciclopédias, até no Google, e encontrei dezenas de acepções umas complementares, outras contraditórias. Como tenho preocupações mais sérias e urgentes deixei o assunto de lado, mas agora, depois de dois meses intensíssimos, posso assegurar-lhes que erra quem pensa que fazer um negócio da china é como comprar bolacha quebrada, ou que assemelha-se às barganhas eleitorais desavergonhadas entre os partidos políticos brasileiros, sem livrar a cara de nenhum. Sou puta mas não sou burra e não tenho medo.
Quando lá em cima falei das novelas coçou-me a xoxota aproveitar para falar de uma coisa que sempre me deixou intrigada: vocês já notaram que nas novelas só a negrada trabalha? Os protagonistas acordam de paletó e gravata e passam o dia inteiro vestidos pra festa, tramando arapucas uns para os outros, dando corno uns nos outros, e bebendo rios de uísque. Em novela até as casas dos pobres são arrumadinhas e asseadas e a dos ricos -os protagonistas sempre são ricos ou alpinistas sociais - parecem showroom de design de móveis e decorações: ninguém tem lençol furado nem larga toalha molhada na cama, nunca falta luz, não entra bala perdida... Parece a "Ciranda da Bailarina", de Chico Buarque de Holanda.
Pois é, esse post era pra falar sobre as negociações para o lançamento do meu livro na China, mas me perdi no caminho e pra não desandar ainda mais a maionese, deixo por aqui, com a solene promessa de voltar breve para contar o que rolou no oriente.
Beijocas, meus amores.
Ô, que blogue bom! Tava bisbilhotando aqui...
ResponderExcluirBruna,
ResponderExcluirEu já bisbilhotei séculos no seu delírio lilás, cujo vínculo encontrei no do poeta Fred Matos. Você escreve bem e me deixa contente vê-la aqui.
Beijos meus.