Vejam que coisa mais linda, meus amores.
Cliquem na foto e venham viajar nas imagens mais lindas que eu já vi.
Ótimo fim de domingo para everytodosvocês
domingo, 12 de dezembro de 2010
noturna
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
É de Oxum
Cliquem na foto e visitem o flickr do meu amigo Fred Matos: vocês não vão se arrepender.
Até mais, amores
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Escritoras Suicidas - edição 42 - setembro/2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Escritoras Suicidas - julho 2010
no ar a edição 41 - julho de 2010 - das Escritoras Suicidas, cujos temas são: memória de futebol, paródia e o beijo da mulher aranha, na qual estou participando com um poema e um conto.
sábado, 12 de junho de 2010
anticlímax

sexta-feira, 11 de junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Escritoras Suicidas - maio 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Pra não dizer que não falei em amor

O amor é um assunto no qual eu e Amália Malaquias, amiga já citada aqui em outros textos, discordamos frontalmente. Ela é uma romântica à antiga e acredita no amor. Um amor, segundo ela, que é um sentimento profundo, desprovido de qualquer condicionamento e interesse. Um amor que é feito de renúncia, de dar sem esperar nada em troca. .
Claro que ela não ama nem nunca amou assim e, quando eu a provoco pedindo que me cite um único caso onde sob a máscara da abnegação não se oculte o interesse próprio, só lhe ocorre falar do amor materno. Acontece é que também não existe amor materno. Existe, sim, instinto materno e tão forte que há milhares de casos documentados de filhotes adotados por mães de outra espécie animal. Há porquinhos amamentados por tigres, tigrinhos amamentados por cadelas, cãezinhos amamentados por gatas e outras tantas combinações, inclusive de animais de espécies que em situação natural resultaria em caça.
Nos mamíferos o instinto materno é conseqüência da ação da ocitocina, um hormônio produzido no cérebro durante a amamentação que estimula o hipocampo, uma região relacionada à memória e ao aprendizado e cujo resultado é produzir uma ligação quase indestrutível entre mãe e filho, criando um sentimento duradouro. O estímulo da ocitocina liberada na amamentação é tão poderoso que em experiência com animais de laboratório comprovou-se que as cobaias preferem amamentar os filhotes a tomar cocaína.
Neste ponto, Amália, que desdenha dos meus conhecimentos na área da química biológica, me interrompe para dizer que não tem importância alguma se o amor é conseqüência da atuação de um hormônio e que deve existir algum outro hormônio que estimule a eclosão do amor entre “uma mulher e um homem”. Pus entre aspas porque Amália só crê no amor heterossexual. Do ponto de vista biológico é possível que ela tenha razão neste aspecto, porque os feromônios sexuais atuam para possibilitar a reprodução sexual, em conformidade com o instinto de preservação da espécie, mas isso, então, seria negar a possibilidade de “amor” homossexual, porque nada indica que a natureza tenha criado mecanismos bioquímicos de atração entre indivíduos do mesmo sexo.
Justamente porque creio na possibilidade do “amor” homossexual, tanto quanto do amor heterossexual, é que não acredito no amor com as características que Amália atribui a este sentimento, pois tais características só são possíveis quando um estímulo bioquímico atua com força superior ao do instinto de auto-preservação e, além do instinto de preservação da espécie, apenas as drogas e certas doenças mentais, são capazes de levar uma pessoa à aniquilação, situação análoga ao do amor romântico no qual a minha amiga acredita.
Mas eu também creio no amor, uma outra espécie de amor, um amor que é dádiva da cultura, da arte, da imaginação humana, da fantasia, da poesia. Amor que é conseqüência do amor próprio, não em detrimento dele. Amor porque nos faz bem amar e sentirmo-nos amados. Amor de salvação, não amor de perdição.
Carla Luma
domingo, 23 de maio de 2010
hipocrisia

sábado, 22 de maio de 2010
Como se fosse voar
sempre oscilante
fico indecisa
quando preciso optar
qual a roupa que vou usar
quando tenho que escolher
entre uma festa e um bom livro
se necessito decidir
entre a montanha e o mar
mas quando acerto um programa
quando o trabalho me chama
é como se outra se erguesse
e me tomasse nos braços
ponho uma tanguinha vermelha
em poucos minutos me visto
em dois ou três me maquio
é como se entrasse no cio
é como se fosse voar
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Partilha
Sei que prometi contar o que rolou na viagem à China, mas não ouso contrariar a minha natureza, que hoje está mais para o profano que para o profissional, se é que no meu metiê se pode separar uma coisa da outra.
Não somente porque a aparência é fundamental na minha atividade, mas, sobretudo para exercer o meu legítimo direito à futilidade, ontem fui ao cabeleireiro. Para ser mais explícita, fui ao MaluMaison D' coiffeur, um salão chiquérrimo na rua Eugênia de Carvalho, na Vila Matilde. Indicação de Amália Malaquias quando soube que eu pretendia fazer um corte retrô, anos 60.
Carla Luma
terça-feira, 18 de maio de 2010
Negócio da China
Os milhares de leitores fiéis, que visitam meu blog, compram meus livros e acompanham na Caras - e em outras revistas, jornais, rádios e tevês - as minhas andanças e danças, os meus retumbantes sucessos e pífios fracassos, sabem que estou retornando da China onde passei dois meses em intensa negociação para o lançamento de uma edição do badaladíssimo as mãos me falam, os falos me calam.
Eu nunca consegui entender plenamente o significado da expressão "negócio da china". Eu pensava que era uma coisa. Depois a Rede Globo fez uma novela com esse nome e eu comecei a pensar que significava outra coisa mais próxima das falcatruas que costumam ser pano de fundo das novelas da emissora carioca. Na dúvida, pesquisei em dicionários, enciclopédias, até no Google, e encontrei dezenas de acepções umas complementares, outras contraditórias. Como tenho preocupações mais sérias e urgentes deixei o assunto de lado, mas agora, depois de dois meses intensíssimos, posso assegurar-lhes que erra quem pensa que fazer um negócio da china é como comprar bolacha quebrada, ou que assemelha-se às barganhas eleitorais desavergonhadas entre os partidos políticos brasileiros, sem livrar a cara de nenhum. Sou puta mas não sou burra e não tenho medo.
Quando lá em cima falei das novelas coçou-me a xoxota aproveitar para falar de uma coisa que sempre me deixou intrigada: vocês já notaram que nas novelas só a negrada trabalha? Os protagonistas acordam de paletó e gravata e passam o dia inteiro vestidos pra festa, tramando arapucas uns para os outros, dando corno uns nos outros, e bebendo rios de uísque. Em novela até as casas dos pobres são arrumadinhas e asseadas e a dos ricos -os protagonistas sempre são ricos ou alpinistas sociais - parecem showroom de design de móveis e decorações: ninguém tem lençol furado nem larga toalha molhada na cama, nunca falta luz, não entra bala perdida... Parece a "Ciranda da Bailarina", de Chico Buarque de Holanda.
Pois é, esse post era pra falar sobre as negociações para o lançamento do meu livro na China, mas me perdi no caminho e pra não desandar ainda mais a maionese, deixo por aqui, com a solene promessa de voltar breve para contar o que rolou no oriente.
Beijocas, meus amores.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
covardia

Obvio que isso é coisa de alguma vizinha, ou de mais de uma. Não quero acusar ninguém, mas suspeito de... Não, melhor não acusar porque não tenho certeza.
Mas eu sei exatamente o que pretendem. Pretendem me assustar. Pretendem me colocar na defensiva. Pretendem, tenho certeza, que eu me mude. Sabem por quê? Porque têm medo de mim. Porque vêm os olhos gulosos que os seus homens colam na minha bunda quando cruzam por mim nos corredores, no playground, nos elevadores. Têm medo, é isso. Se não tivessem não se esconderiam atrás do anonimato covarde. Pois bem. Já sei o que vou fazer: se o meu advogado não se opuser, eu vou fazer cópias xerox do bilhete, anexar esta minha resposta e enviar para todos os apartamentos.
Felizmente hoje é sexta-feira e tenho convite para passar o fim de semana em Campos do Jordão para onde sigo esta noite.
Beeeeeeeiiiiiiiiijoooooooooooos
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Homem Vitruviano
Certamente muita gente sabe que os classificados de quase todos os jornais aceitam anúncios de, digamos eufemisticamente, massagistas e acompanhantes, mas é uma fria, meus amores. Quem quiser minimizar os riscos de trilhar nesta maravilhosa senda do comércio sexual deve preferir o marketing direto com a utilização de porteiros e recepcionistas de hotéis como intermediários. A taxa de praxe é de 10%, mas, se você der um pouco mais, se for do tipo que pergunta pela família do cara, ou até se se dá de graça a ele em datas comemorativas, terá, em reciprocidade, a preferência para atender aos melhores clientes: os mais generosos e, se possível, mas não obrigatório, os mais simpáticos. Exceto por uns caras aqui da cidade que já me conhecem, e têm o número do meu celular, atendo preferencialmente executivos, em viagens de negócios, hospedados em hotéis de 4 e 5 estrelas. É o meu nicho de mercado. Meu cachê básico é de 500 reais, mas, quando a procura está baixa, pra não ficar sem serviço, faço por 300 paus. Em compensação, quando a procura cresce, o que ocorre quando há grandes eventos na cidade, Salão do Automóvel, por exemplo, meu cachê pode ir até 2 mil.
Mas, é bom que fique claro que minimizar riscos não significa absolutamente que se trata de uma atividade isenta de perigos. Já passei por situações que me levaram à beira do pânico. Uma ocasião fui investigada e passei por horas de interrogatório em uma delegacia de polícia imunda, uma pocilga fedorenta, tudo porque um porteiro de hotel achacava os executivos que requisitavam serviços sexuais. O mau-caráter tinha acesso às fichas dos hospedes e, não sei como, fazia fotos comprometedoras. Um dos chantageados tomou a atitude certa: foi à polícia. Felizmente logo se esclareceu, o próprio porteiro confessou, que nenhuma garota estava envolvida no esquema.
Pior que isso foi o medo que passei quando fui atender um homem imenso. Tinha quase dois metros, ou um pouco mais. Pintava cabelo, bigode e sobrancelha de um preto retinto. Apesar disso, ou talvez por isso, dava pra se perceber que tinha por volta dos setenta anos. Não era um velho alquebrado. Era forte, enérgico, com a voz grossa e autoritária. Uma dessas pessoas que você logo percebe que está acostumado a mandar e a ser obedecido sem contestações. Até aí tudo bem, eu já havia atendido muitos outros homens com aquelas características que, por sinal, parecem constituir um dos fatores que os alçam ao sucesso no competitivo mundo dos grandes negócios e das grandes negociatas: muitos políticos têm também estes atributos.
O meu coração começou a disparar foi quando o cara disse que me algemaria na cama: pés e braços, e eu me imaginei o Homem Vitruviano de Da Vince. Protestei. Ele me mandou calar a boca e que deitasse, nua, pernas e braços abertos. Falou de um jeito que, até hoje não entendo porque, obedeci. Algemou-me. Pôs um lenço na minha boca e lacrou-a com fita crepe. Não precisava: bastava o coração na boca para me manter calada. Ficou alguns minutos, que me pareceram uma eternidade, apenas me olhando e dizendo: “você é uma obra-prima”. Depois se sentou ao meu lado e começou a me acariciar lentamente com a ponta dos dedos. Acalmei-me. Depois começou a me lamber. Eu já estava tranqüila e até gostando, convencida de que ele não cometeria violência. Foi ao banheiro e quando voltou trazia uma navalha na mão. O coração voltou a disparar, comecei a suar apresar do ar-condicionado fortíssimo do quarto. Inutilmente tentava gritar e me mexer. As lágrimas inundaram os meus olhos. Imagino que a minha cara era de puro pânico e que aquilo o excitava. O filho da puta me depilou os pentelhos e quando imaginei que me estupraria ele masturbou-se e me untou com aquela porra fedorenta. Depois sorriu. Disse-me que fui uma ótima menina, que me pagaria o cachê triplicado. Que me acalmasse. Que não gritasse. E sorriu novamente: um sorriso de menino grande que está satisfeito com um brinquedo novo. Arrancou a fita crepe com um movimento rapidíssimo e pôs a outra mão sobre a minha boca. Doeu pra caralho. Percebeu que eu não gritaria. Tirou o lenço que já quase me sufocava. Tirou as algemas. Pagou-me regiamente. O pior havia passado. Consegui me acalmar. Vesti-me, e, quando ia saindo, uma força misteriosa me fez dar meia volta. Tirei da bolsa um cartão e disse a ele que me ligasse quando viesse outra vez a São Paulo. Ele disse que talvez ligasse, mas só após o tempo necessário para que me crescessem novos pentelhos.
Carla Luma
segunda-feira, 5 de abril de 2010
federico

Atire a primeira pedra à puta aquela que nunca sucumbiu à ilusão da segurança representada por um - digamos para quiçá instaurar nesta simplória narrativa um clima de fábula - príncipe encantado. Que é um ente mítico que reúne miraculosamente as figuras do pai, do amante e do filho. Ou seja: do provedor, do estuprador e do bibelô.
Estes surtos de loucura felizmente nunca foram muito duradouros e, tanto a intensidade quanto a frequência foram diminuindo após o fim da adolescência. Entretanto, conheci Federico quando eu já me considerava livre deste perigo. O cara entrou na minha vida como o furacão Katrina em Nova Orleans: avassaladoramente.
É mentira. Não foi boa a comparação, mas gostei da imagem e não vou retirar. Na realidade ele chegou de mansinho e me conquistou trazendo-me flores, presentes, chocolates - sou doidinha por chocolate, principalmente os absurdamente amargos - como se pudesse ler pensamentos, suprindo, desta forma, a figura do pai ideal. Mais tarde, na cama, na hora da onça beber água, era pródigo nas artes sexuais. Chupava, metia, tirava, me virava do avesso, chupava de novo, metia, gozávamos, cansávamos, começávamos outra vez, até a completa exaustão e, depois, saciados, tornava-se uma criança dócil solicitando afagos para dormir. Era o homem perfeito, pensei. Deste não largo, brigo por ele até a morte, pensava. Apaixonada. Sucumbida.
Imagino que vocês estão pensando que agora é a hora do mas, e que direi que com o tempo ele foi deixando de me trazer presentes, que se tornou frio, ausente, grosso, ou que eu descobri que era um gigolô e que eu era uma espécie de investimento. Não. Nada disso. Acontece é que cansei. Acontece é que eu não presto. Acontece é que eu jamais conseguiria meter um par de chifres em Federico: um cara tão perfeito, um gentleman, e, ao mesmo tempo, eu não consigo me satisfazer comendo do mesmo todos os dias, pode ser lagosta, camarão, feijoada, o manjar que se serve aos deuses no monte Olimpo... Eu não consigo. Estava ficando triste, melancólica, beirando a depressão. Mandei Federico pastar e, desde então, considero-me definitivamente curada.
Carla Luma
sexta-feira, 2 de abril de 2010
prólogo

Generosidade gratuita nem mesmo na infância. Lembro-me perfeitamente que o meu padrinho ficava de pau duro quando me colocava no colo e que me beijava na boca quando ficávamos sozinhos, mas nunca tentou me comer, é bom que eu deixe claro. Eu até que gostava de sentir aquele pau latejando na minha bunda. Não gostava era do bafo de cigarro, mas ele me trazia chicletes e sempre deixava uma grana pra eu ir ao cinema e tomar sorvete.
Com certeza eu estaria dizendo besteira se afirmasse que naquela idade eu considerava aquilo uma lisonja. Na época eu não cogitava o imenso poder que uma mulher pode exercer sobre os homens. Este conhecimento eu só adquiri na adolescência e a ele devo todas as minhas conquistas. Quando vou a Jacarezinho visito o meu padrinho. Eu gosto muito dele. O coitado está bem velhinho e gagá. Quando ficamos sós eu dou um jeito de acariciar-lhe a pica, mas a ereção nunca se completa. Até boquete eu fiz uma vez. O fracasso foi tamanho que o velho quase mija na minha boca, mas os olhinhos safados brilhavam de satisfação.
Mas eu dizia que não sou de deixar as minhas coisas ao acaso. Foi por isso que escrevi as minhas memórias organizando os meus diários em um livro cujo título é "As mãos me falam, os falos me calam", um grande sucesso editorial no Brasil e nos países lusófonos, que em breve será lançado no mercado chinês com uma tiragem de fazer inveja a Paulo Coelho.
Eu temia que os meus diários caíssem, se eu morresse, por exemplo, ou por outro motivo qualquer, em mãos de pessoas que não conseguem ver no âmago das coisas e que dariam à minha vida uma conotação de superficialidade que eu não admito. Não sou apenas uma mulher gostosa e bonita: tenho conteúdo.
Um advogado que me comia, quando a esposa viajava pra Curitiba, foi que me aconselhou a registrar os meus diários na Fundação Biblioteca Nacional para proteção dos meus direitos autorais. Foi a minha primeira providência. Relutei muito mas não resisto: depois se descobriu que a mulher tinha um caso na capital com um escritor famoso, cujo nome eu não direi porque não posso provar.
De uma editora à qual enviei um projeto do livro e os primeiros capítulos recebi uma carta que dizia, através de mal disfarçados sofismas, que não publicariam as memórias de uma puta, nem mesmo se eu pudesse cobrir os custos de produção e distribuição. Os idiotas não conseguiram enxergar que ao me expor, ao expor as minhas intimidades, os meus relacionamentos precoces, o que de fato se revela é a hipocrisia estarrecedora da nossa melhor sociedade. A hipocrisia da elite na qual nasci e fui criada.
Não me tornei puta por necessidade, foi uma opção por uma profissão honesta e que pode ser muito bem remunerada, desde que a profissional tenha os atributos físicos necessários, um pouco de talento para a interpretação, que saiba se valorizar e, sobretudo, que goste de foder.
Eu adoro.
ilustração: Sergey Ignatenko